NILTON GONÇALVES

NILTON GONÇALVES



Conquistense, nascido no atual distrito de José Gonçalves em 4 de janeiro de 1923. Escritor, poeta e advogado de talento reconhecido, tornou-se um dos maiores jurista da região. Dirigiu o jornal “O Combate” no período de 1956 a 1957. Foi o primeiro presidente da Academia de Letras de Conquista.

Certa ocasião e estava em uma audiência, quando o juiz sentiu uma forte dor de barriga e teve que suspender e se ausentar do recinto para ir ao banheiro que ficava no andar térreo do prédio. 
Como epigramista, não perdeu a oportunidade e fez esta perola:


“Volta o juiz da sentina
Depois de um longo despacho
Que obres tanto cá em cima
O quanto obrastes lá em baixo”

Em outra ocasião, soube de um discurso de um deputado de sobrenome Dourado que o criticou além de ferir a gramática, e o epigramista fez uma quadra muito comentada na época:

“Sua fala é um atentado
Á gramática e ao decoro,
Apesar de ser “dourado”,
Só seu silêncio é de ouro”


Poesias:

O ANDARILHO

Cheguei, trago no corpo maltrapilho
E suarento o pó das caminhadas,
O coração cigano de andarilho,
Volúvel como as brisas das estradas

     Aprendi nos caminhos o estribilho,
     A música dos ventos e rajadas!...
     Tentei, em vão, banhar o olhar sem brilho
     Na noite das estrelas apagadas

          Guardo no olhar acenos de caminhos
          No corpo a tatuagem dos espinhos
          Diante do céu, do mar, do descampado

                Tecido de distância é o meu destino
                Esmaga o coração do peregrino
                Esta angustia fatal de haver chegado!...


ETÉREA

“O sol, louro pintor, projeta iluminura
Da tarde na violácea tela, azul-lilás...
Eterno sonhador, o poeta procura,
Num transcendente apelo, um momento de paz

Pontilhaste de luz a minha noite escura,
De surpresa surgiste, instantânea, fugaz...
Etérea luz candente, emerge da espessura
Da noite sem luar e logo se desfaz...

Quero te ver de novo, oh peregrina imagem,
Embora tatuada no meu pensamento,
Foges do meu olhar qual estranha miragem

Quero te ver de novo na prisão silente,
Fixa “no velho engaste azul do firmamento”
Ou na trânsida luz de uma estrela cadente”


FÊNIX

“Quero-te, assim, volúvel como os ventos,
Filha das incertezas e do acaso,
Imponderável como o pensamento,
Presente como o dia sem ocaso.

A eternidade é feita de momentos
No carrilhão do tempo, sem atraso,
Passam as horas, passam sofrimentos,
Só não passa este amor em que me abraso.

Se tu me foges, tanto mais te busco,
Estrela que nasceu do lusco-fusco,
Como das noites nascem as alvoradas!...

Surgistes, como a Fênix da lenda,
Das cinzas do viver a doce prenda
Que me sustenta em meio as caminhadas.”

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