ERATHÓSTHENES MENEZES

ERATHÓSTHENES MENEZES

Nenhum conquistense nato ama mais a sua terra do que o primoroso poeta Erathósthenes Menezes amou Vitória da Conquista.

Nasceu o “Eros”, como o tratava seu grande amigo Camilo De Jesus Lima, no arraial de Laje do Gavião, distrito de Gameleira dos Machados, que pertencia ao Município de Brumado, hoje Município de Aracatu, na Bahia, no dia 15 de junho de 1908, sendo os seus pais o ilustre Professor Abdias Menezes e D. Brazilina Machado Menezes.

Com os seus pais, veio aos sete anos de idade residir no comercinho do Angico, atual Vila de Iguá no Município de Vitória da Conquista. A sua juventude foi ali, comerciante viajando com tropas pelo norte de Minas Gerais e pelo Sertão da Bahia. Com essa atividade de tropeiro, não ganhou dinheiro, mas ganhou muitos conhecimentos, porém dedicando parte do tempo aos estudos literários, onde, como autodidata e dono de muita inteligência, tronou-se professor, ajudando seu pai na direção do “Colégio Vitória” em Angicos e depois se tornou professor do Educandário Sertanejo, dirigido pelo grande educador e poeta Euclides Dantas. Começou a fazer poesias, aos 12 anos, tendo escrito uma poesia em homenagem ao dia 7 de setembro, publicada no jornalzinho “O Porvir”, em edição de outubro de 1921, jornal dirigido e fundado por estudantes seus colegas. Ainda na adolescência, publicou o livro de trovas “Iracy e Teodora”.

Em 1930, tornou-se sócio do Grêmio Dramático Castro Alves, uma entidade criada pelos intelectuais de Vitória da Conquista.

Em 1934 na Vila de Iguá (antigo Angicos) exerceu por quase 30 anos o cargo de Escrivão de Paz e por muitos anos o de Tabelião de Notas do 1º Ofício desta Comarca.

Foi um dos fundadores da “Ala das Letras de Conquista”, importante instituição literária fundada em 1937 que se assemelhava à Academia de Letras. Participou ativamente de todas as Associações Literárias em Vitória da Conquista. 

Foi um colaborado de vários jornais que já circularam em nesta cidade, foi eleito por expressiva votação, e reeleito para o cargo de vereador a partir de 1966.

Casou-se em 1950 com Marcolina Lopes Freitas, com quem teve sete filhos: Vilma Celeste, Vanda Maria, Sônia Volúzia, Telma, Selma, Marco Antônio e Erathóstenes Menezes Júnior.

Foi Presidente da Academia Conquistense de Letras durante dois mandatos (1983/1986). Em 1986 passou a presidência para Heleusa Figueira Câmara, após ser eleita como a primeira mulher a assumir a presidência da ACL.

Como cronista, colaborou eficientemente para os jornais: O Sertanejo, o Jornal de Conquista, o Combate, o Conquistense, Avante e o Labor. O poeta criado no Distrito de Iguá, à sombra do mulungu, formou seu senso de observação e os transcreveu em singelas expressões poéticas, demonstrando a sua admiração pela natureza e pela vida rural.

Foi Vereador no período de 1966 a 1970, sendo escolhido pelos seus pares, para Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista - Ba.

Recebeu várias comendas, a Academia de Letras da Bahia e o Governo do Estado outorgaram o maior prêmio a um intelectual vivo: a Comenda do Mérito de Castro Alves, sete meses antes do seu falecimento.

O poeta Erathóstenes Menezes ficou imortalizado na história conquistense por sua contribuição em vários campos, se destacando como Patrono do Tiro de Guerra de Vitória da Conquista, Professor, Escrivão de Paz, Mestre Maçom da Loja Maçônica Fraternidade Conquistense, foi um dos fundadores da Academia Conquistense de Letras, Poeta e Vereador.

Faleceu no dia 15 de novembro de 1986 aos 78 anos de idade.

Em 2008, em homenagem ao centenário do seu nascimento, foi publicado o Livro “O Poeta do Mulungu”, escrito por Durval Lemos Menezes, seu sobrinho e prefaciado pela Profa. Heleusa Figueira Câmara que finaliza o prefácio dizendo “E como a poesia é vida que perdura, é sonho que se materializa, pode-se reafirmar que Vitória da Conquista e todo o seu povo reconhecem e dão fé ao homem, sempre poeta, Erathósthenes Menezes”.

O Memorial HFC sente-se honrado em homenagear esse ilustre cidadão que mesmo não sendo conquistense nato, soube amar a cidade onde escolheu para viver, trabalhar e criar a sua família.

Segundo críticos literários, um de seus melhores poemas é “Meu Velho Mulungu”:

MEU VELHO MULUNGU

Meu velho mulungu, como estás diferente,

Não imitas, sequer, bonito aquele do passado,

Verde, alegre, bonito e de fronde imponente

Dando sombras e agasalho, ao triste e ao fatigado.

Mas, como o tempo é mau, impiedoso, inclemente,

Hoje, que feio estás, e triste e encarquilhado,

Ninguém te busca mais, despreza-te essa gente...

Sempre quem faz o bem é mal recompensado.

Eu te conheço desde infância, árvore antiga,

Que castelos, ergui à tua sombra amiga,

Junto aos meus bons irmãos, aos meus saudosos pais!

Buscando a tua sombra, a evocar o passado,

A ti eu me comparo - amigo abandonado,

Tu já não tens mais vida - eu já não canto mais!

 A CONQUISTA

Conquista terra dourada,

varonil e esplendorosa,

parece um ninho de fada

feito por mão primorosa.

Por detrás da serra verde

que de bem longe se avista

Está assente esta terra

Vitória da Conquista.

Ela tem muitos primores,

beleza que não tem fim.

Conquista é terra das flores,

Conquista é mesmo um jardim.

Por todo lado ela encerra afeto e simplicidade;

não há por certo outra terra com mais hospitalidade.

Seu clima a todos agrada.

Seu solo oculta riqueza,

a que fizeram pousados reinos da natureza.

Lá na serra,

o Cristo Amado, olhando a planície nua

fala ao viajor cansado:

Entra filho, a casa é tua!

Terra de amor, de poesia

Terra heróica, varonil

Linda joia da Bahia,

orgulho do meu Brasil.

Seu progresso esplendoroso cresce, cresce, dia a dia,

No coração do seu povo reina amor, reina alegria.

Eu te amo com intensidade terra nobre varonil!

Para mim, és a cidade mais bela do Brasil.

Consultas:

- Erathósthenes Menezes: Escritor, Vereador, Patrono do Tiro de Guerra e… Tropeiro. Por Maris Stella Schiavo Novaes

Link: https://carreirodetropa.wordpress.com/.../erathosthenes.../

- Revista da Academia Conquistense de Letras. N° 1. Dezembro de 1988. pág. 35.

- O poeta do mulungu: Erathósthenes Menezes / Durval Lemos Menezes (Org.). - Vitória da Conquista: 2008

- Mãos que Ajudam em Vitória da Conquista (https://www.facebook.com/watch/?v=682592298936043)

#MEMORIACONQUISTENSE